Dos quadrinhos para as telas: MPT lança desenho animado sobre trabalho infantil

(Cuiabá, 15/7/2019) O Ministério Público do Trabalho (MPT) lança a primeira adaptação do projeto MPT em Quadrinhos para o formato de desenho animado. O objetivo é convidar a sociedade a refletir sobre os prejuízos do trabalho infantil. O lançamento foi em 12 de julho, um dia antes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completar 29 anos, e poderá ser acompanhado pelas redes sociais do MPT.

Entre as 37 edições já publicadas pelo MPT em Quadrinhos, a escolhida para dar início às adaptações foi a nº 2: "Trabalho Infantil – Mitos e Verdades". O desenho conta a história de Lucas, uma criança que trabalha em uma feira para ajudar o pai. Um dia, Larissa e João, personagens fixos da série, estão fazendo compras quando o menino se oferece para carregar as sacolas. “Mas isso aqui tá muito pesado pra você”, diz Larissa, com ar de reprovação. Quando o pai do garoto se aproxima e é questionado sobre a situação, tenta se justificar. “Eu mesmo comecei a trabalhar logo cedo, se bem que eu larguei a escola, mas o Lucas continua estudando direitinho”.

A partir daí toda a história toda se desenrola, culminando na exposição dos riscos à saúde física e psicológica provocados pelo trabalho infantil, e no esclarecimento sobre a importância do fortalecimento da rede de proteção dos direitos das crianças e adolescentes.

O vídeo terá versões acessíveis em Libras, AD (audiodescrição) e com legenda, e será disponibilizado no canal do projeto no Youtube (http://bit.ly/quadrinhos_youtube). Para quem curte ler uma HQ, a versão original pode ser encontrada no site www.mptemquadrinhos.com.br, nos formatos FlipBook e PDF.

“O trabalho infantil é um tema muito sensível, complexo e delicado, que requer muita reflexão. Podermos contar com instrumentos acessíveis e interessantes, como revistas em quadrinhos e animações, permite uma aproximação importante com a sociedade, sensibilizando e conscientizando as pessoas para os diversos riscos e prejuízos que estão por trás dessa prática ainda tão tolerada, e ao mesmo tempo tão danosa à infância”, afirma a coordenadora nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância) do MPT, Patrícia de Mello Sanfelici.

A campanha foi custeada com verba de indenização por dano moral coletivo paga por uma empresa que descumpriu a legislação trabalhista. O valor foi fixado em Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com o MPT para encerrar o caso. A procuradora do Trabalho Ludmila Pereira Araújo, da PTM de Alta Floresta (MT), viabilizou o acordo. Ela explica que a escolha do tema trabalho infantil para estrear o primeiro desenho adaptado dos quadrinhos se deu porque está na pauta do dia. "O Brasil se comprometeu internacionalmente a erradicar o trabalho infantil até 2020. Infelizmente, estamos muito distantes de alcançar isso.”

Hoje, cerca de 2,7 milhões de crianças e adolescentes entre cinco e 17 anos estão trabalhando no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São crianças que trabalham na agricultura, pecuária, no comércio, nos domicílios, nas ruas, na construção civil, que são exploradas, que abandonam a escola, que adoecem e que se acidentam.

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde mostram que o Brasil registrou de 2007 a 2018 quase 44 mil acidentes de trabalho com crianças e adolescentes entre cinco e 17 anos. Nesse mesmo período, 261 meninas e meninos perderam a vida trabalhando.

“O trabalho infantil é um problema que gera mortes, sequelas físicas, alcoolismo, uso de drogas, prostituição e evasão escolar. A sociedade, diante de ideias equivocadas, passa a enxergar o trabalho infantil não como um problema, mas como uma solução para criança pobre, que passa necessidade socioeconômica”, explica Ludmila. “Essas ideias são mitos extremamente perversos, pois incutem nas pessoas algo como verdade, o que acaba por gerar ali uma espécie de vírus da inanição, da passividade, de permissibilidade. Esse pensamento gera comportamento, gera aceitação do trabalho infantil e não é nada bem-vindo para a tarefa de erradicar, combater e prevenir o trabalho infantil. É preciso que a gente argumente, conscientize e desconstrua. Somente assim, mudando o pensamento e a consciência, que as ações para a proteção da infância e da juventude perdidas em situação de trabalho poderão ocorrer.”

A série - A série MPT em Quadrinhos foi criada pelo Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES) e já conta com 37 edições publicadas e distribuídas para todo o país. As edições abordam temas relacionados ao mundo do trabalho e, de forma simples e lúdica, tentam levar conhecimento à população sobre direitos e deveres, proporcionando, assim, o exercício da cidadania. Estima-se que mais de 3,3 milhões de revistas tenham sido impressas desde o lançamento do projeto.

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